Mais sobre a cotovia

O famoso pássaro foi importante para Romeu e Julieta. Os dois amantes, depois da primeira noite juntos, discutem se o pássaro que ouvem lá fora é a cotovia ou o rouxinol, preferido este último, que canta durante a noite. Assim sendo, poderiam ficar mais tempo juntos, enquanto a cotovia anuncia o dia, e, com ele, a separação do casal. Só aí é que descobrem ser mesmo uma cotovia, anunciando que Romeu terá de partir para sempre...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Um dia para recordar...

Hoje uma amiga me mandou essa foto por e-mail e não pude deixar de me emocionar. Tive muita saudade desse dia tão especial. Esse dia eu tinha que relembrar e compartilhar com vocês, meus queridos leitores. Foi há mais de um ano, na casa de apoio de crianças com câncer na Vila Maria, zona norte de São Paulo. Era final de ano e levamos um papai noel e muitos brinquedos também para divertir as crianças que ficam na casa de apoio aguardando as futuras cirurgias. Quando chegamos lá, as crianças já esperavam que o papai noel chegasse com presentes, mas... uma palhaça??
E quando me viram... foi inacreditável! Uma festa! Todos vieram correndo, gritando "palhacinha, palhacinha!", e se atiraram em cima de mim.
Foi demais! Poder compartilhar tanta alegria com tantas crianças maravilhosas! Elas se jogaram em cima de mim, rolamos no chão, arrancaram meu cotonete, meus botões, meu nariz! só não meu chapéu porque ainda consegui segurar... na foto dá para ver um deles puxando a minha calça.
Eu nunca tinha visto tanto encantamento por um personagem que para nós já é mais do que usual e até padronizado... mas para eles não! A grande alegria de uma criança está nas coisas mais simples e banais e nos dias e personagens que para nós são mais do comuns!
Adoro essas crianças! Obrigada a Deus por ter me dado essa oportunidade. Tomara esse ano repitamos a dose. E vou tomar muita vitamina para aguentar tanto pique! Precisa viu!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A cor da amizade

Num curso que estou fazendo pediram para que se fizesse um texto sobre qual seria a cor da amizade. Então, me veio este texto, que dedico a todas as pessoas que gosto, aos meus velhos amigos, novos amigos, aos meus entes queridos, às pessoas que amo, que estão longe, às que estão sempre pertinho, e que sempre estarão no meu coração.

"A amizade é violeta. Violeta como as flores, delicada como o tamanho delas. Como o vasinho delas.

A amizade é honrosa, se põe na mesa, com pós e contras, antes e depois.

A amizade é singela, prazerosa, sincera.

Mas também tem altos e baixos, porções e porquês.

É como um programa de TV, onde tudo pode acontecer. Tudo pode, tudo deve, mas tudo tem um para quê.

A amizade não gera dúvidas, não faz bilhetes, não entrega picados.

Se diz que é amigo, se faz amigo e se mostra amigo.

Não precisa de homenagens constantes, posts, faces, curtições.

Mas precisa regar sempre, conversar, mesmo que baixinho, do vão da janela, dar atenção, como as violetas. Cuidar, plantar, semear.

A cor violeta é a cor da transformação, usada para combater os medos, trazer a paz, tem efeito de limpeza, eterna beleza e imaginação.

Mas, cuidado, a cor violeta também pode remeter ao reino da fantasia, dos sonhos, das nuvens. E se não for bem trabalhada, misturada, estudada, pode gerar desenganos do mundo real, atual, geral.

Como a amizade, que não é fantasiosa. Pode ser mutável, como as flores, mas é palpável, sentida e pressentida quando é verdadeira. Não precisa ser questionada. É eterna porque sempre dura."

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Singela homenagem


Esse texto eu escrevo em homenagem a uma pessoa que conheço há pouco mais de ano, mas que já gosto e torço como se fosse parte da minha família, como se já conhecesse há décadas. Estávamos as três patetas, quero dizer, as três palhaças doutoras tentando fazer alguma boa alma rir de nossas piadas infames (às vezes é difícil fazer com que alguém ria, principalmente da piada da Dra. Massariema - ela só sabe uma! kkk).
Do final do corredor, ouvimos uma senhora nos chamar para que não fossemos embora antes de conversarmos com sua filha, que estava há algumas semanas sem poder andar, achava-se que graças a uma bactéria ainda não diagnosticada.
Não hesitamos. Entramos no quarto, todas serelepes, brincalhonas, cheias de garra e boa vontade para tentarmos conversar com a paciente. Tentamos. Tentamos. Tentamos. Sua mãe sentou-se ao nosso lado, puxamos assunto, chamamos seu nome, enchi bexiga, cantei, dancei, só não chorei porque ficaria constrangedor. Mas quase.
Pensei comigo: "essa vai ser muito difícil de conversar, quanto mais fazer rir."
Ela estava tristinha, amuada, preocupada com sua condição. Apenas 22 anos, formada em psicologia, não é de São Paulo, seus amigos todos a esperando lá. Sua mãe na torcida sem fim para que se descobrisse o real motivo daquela paralisia.
De repente, um novo insight. Pensei: "o negócio é dar uma de surda, começar a falar sem parar e sempre o nome dela errado". E comecei. Dra. Estrelinha ficou brava comigo porque estava falando o nome dela errado. E desandei a falar, falar, falar, falar. E falar. Falar sem pensar, no nome errado, em como é difícil estar ali sem se fazer ver nem ouvir, em como é difícil ser quase um fantasma. A gente nem consegue acertar o nome dela... etc... Acho que falei tanto que ela, por pena ou para se ver livre de nós logo... começou a rir.
Riu. E riu de novo. "Parou de chorar!", pensei. E a mãe dela nos agradeceu por termos conseguido o que ela ainda não havia alcançado, apesar de sempre esperar. Um fio de esperança. A novidade de estarmos ali pode ter gerado isso, o inesperado, o ridículo, o improvável. O melhor é que conseguimos um sorriso dessa que é uma vencedora, guerreira, linda, conquistadora de novos e agora mais mansos mares, nunca dantes navegados!
Parabéns, Ruana! Você merece tudo de melhor que Deus puder oferecer nessas nossas areias rebeldes... Torcemos muito por você! Espero que você goste desta singela homenagem. bjões! Te amamos muito.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Luz na palma da mão


Os dias de chuva em um hospital podem nos ajudar bastante durante um atendimento, sabiam? Como?
Estava eu no Hospital Brigadeiro, quer dizer, agora Hospital do Transplante. Quando, de repente, não mais que de repente, a energia cai. Ou seja, a luz acaba em todo o andar em que estávamos. Talvez no hospital todo. E não durou pouco tempo. Pelo visto não havia no-break. Nem luzes de emergência. Cena de terror? Imagine! Vejam só a arte de ser uma palhaça doutora. Mais palhaça que doutora.
Estávamos eu e minha colega, Dra. Rondelitta, entrando em um quarto, quando a escuridão se abateu sobre nós. Não enxergávamos um palmo diante de nossos narizes vermelhos, não era brincadeira! E eu pensei: "e agora? Não podemos nem voltar, nem descer as escadas, nem esperar paradas. Os trovões e raios mais pareciam rajadas quebrando os vidros e nossa coragem.
Mas eis que tive um insight! Vamos entrar! Dra. Rondelitta me parou e perguntou: "mas no escuro? Você acha que eles vão gostar? Nem vão nos ver!"
Sim! Mas eles e elas nos viram. Lembrei que estava com o meu santo cotonete no pescoço. Eu o uso sempre, às vezes ele acende, outras não. Mas desta vez funcionou. Entrei e disse: "vim trazer luz para vocês!" E acendi meu cotonete. Todos deram muitas risadas e a mulherada que estava internada, já aproveitou para dizer: "que bom que vocês vieram. Agora não precisamos ficar preocupadas com nossa aparência. No escuro podemos conversar sem ficar constrangidas!"
E rimos muito juntas. Não valeu a pena?

O dia mais engraçado!


Imagine essa situação: eu entro em um quarto, como vários em que entramos todos os dias. Converso com os quatro pacientes que compartilham o mesmo local, os mesmos problemas, a mesma rotina de remédios e tratamentos. Conseguimos (eu e minhas colegas doutoras) alguns sorrisos. Mas... eis que ao nos despedir, conversando com um dos acompanhantes que estava ao lado de sua mãe, eu digo: "parabéns por essa alegria! Continue com esse sorriso bonito no rosto!"
E eis que ele me responde, sorrindo: "imagine, né! ainda bem que eu não ligo, se tivesse mais dentes!" Ele só tinha uns quatro, cinco... A minha sorte é que ele levou muito no espírito esportivo, deu risadas, viu minha cara de constrangimento. Agora imagine se ele resolvesse levar para o lado sério... Essa é a vantagem de se estar vestida de doutora palhaça...