Mais sobre a cotovia

O famoso pássaro foi importante para Romeu e Julieta. Os dois amantes, depois da primeira noite juntos, discutem se o pássaro que ouvem lá fora é a cotovia ou o rouxinol, preferido este último, que canta durante a noite. Assim sendo, poderiam ficar mais tempo juntos, enquanto a cotovia anuncia o dia, e, com ele, a separação do casal. Só aí é que descobrem ser mesmo uma cotovia, anunciando que Romeu terá de partir para sempre...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Luz na palma da mão


Os dias de chuva em um hospital podem nos ajudar bastante durante um atendimento, sabiam? Como?
Estava eu no Hospital Brigadeiro, quer dizer, agora Hospital do Transplante. Quando, de repente, não mais que de repente, a energia cai. Ou seja, a luz acaba em todo o andar em que estávamos. Talvez no hospital todo. E não durou pouco tempo. Pelo visto não havia no-break. Nem luzes de emergência. Cena de terror? Imagine! Vejam só a arte de ser uma palhaça doutora. Mais palhaça que doutora.
Estávamos eu e minha colega, Dra. Rondelitta, entrando em um quarto, quando a escuridão se abateu sobre nós. Não enxergávamos um palmo diante de nossos narizes vermelhos, não era brincadeira! E eu pensei: "e agora? Não podemos nem voltar, nem descer as escadas, nem esperar paradas. Os trovões e raios mais pareciam rajadas quebrando os vidros e nossa coragem.
Mas eis que tive um insight! Vamos entrar! Dra. Rondelitta me parou e perguntou: "mas no escuro? Você acha que eles vão gostar? Nem vão nos ver!"
Sim! Mas eles e elas nos viram. Lembrei que estava com o meu santo cotonete no pescoço. Eu o uso sempre, às vezes ele acende, outras não. Mas desta vez funcionou. Entrei e disse: "vim trazer luz para vocês!" E acendi meu cotonete. Todos deram muitas risadas e a mulherada que estava internada, já aproveitou para dizer: "que bom que vocês vieram. Agora não precisamos ficar preocupadas com nossa aparência. No escuro podemos conversar sem ficar constrangidas!"
E rimos muito juntas. Não valeu a pena?

O dia mais engraçado!


Imagine essa situação: eu entro em um quarto, como vários em que entramos todos os dias. Converso com os quatro pacientes que compartilham o mesmo local, os mesmos problemas, a mesma rotina de remédios e tratamentos. Conseguimos (eu e minhas colegas doutoras) alguns sorrisos. Mas... eis que ao nos despedir, conversando com um dos acompanhantes que estava ao lado de sua mãe, eu digo: "parabéns por essa alegria! Continue com esse sorriso bonito no rosto!"
E eis que ele me responde, sorrindo: "imagine, né! ainda bem que eu não ligo, se tivesse mais dentes!" Ele só tinha uns quatro, cinco... A minha sorte é que ele levou muito no espírito esportivo, deu risadas, viu minha cara de constrangimento. Agora imagine se ele resolvesse levar para o lado sério... Essa é a vantagem de se estar vestida de doutora palhaça...

Ampliando horizontes


Agora a Dra. Cotonete atende também no Hospital do Servidor Público Estadual (já faz um tempinho, né?, mas como dei uma sumidinha básica, melhor atualizar), mais conhecido como HSPE. Depois de uns sábados atuando lá descobri que nasci neste mesmo hospital, vejam só!
Que mal informada, sou! Minha mãe era chefe de enfermagem do mesmo, conheceu meu pai lá, no dia em que minha prima nasceu (filha do irmão do pai)... Acenou para ele na saída da visita da família que a acompanhava no quarto... o destino estava selado!
Nunca mais se separaram. Este ano completaram 50 anos de conhecimento! Aliás, dia 15 de novembro, aniversário da minha prima. Nossa quanta informação! Isso só para dizer que descobri que havia nascido lá. É, eu e minhas três irmãs.
Acho que era para eu atender lá mesmo. O destino não erra. Minhas coleguinhas doutoras palhaças, Dra. Massariema e Dra. Estrelinha, estão comigo nessa jornada.
Temos visto cenas hilárias, tristes, enriquecedoras, alarmantes. Nos Cuidados Paliativos, onde atuamos, há um roteiro inteiro para um livro, uma novela, um filme, e para nossas próprias vidas. Estamos escrevendo o nosso roteiro junto com aquelas famílias. Tanto as que se tratam, como as que trabalham. O melhor de tudo é poder compartilhar cada capítulo, mesmo que tardio, com todos os que, como eu, são apaixonados por esse trabalho. Pelo sorriso diário. Obrigada!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Hã?? Quem?!

Eeehhh... faz algum tempo neh? Não é ilusão de ótica não... a Dra. Cotonete ainda existe, ainda existem os atendimentos, os hospitais ainda estão de pé...
E o Hospital Brigadeiro virou Hospital do Transplante. Vem gente do Brasil inteiro para operar lá. A estrutura está de primeira. As instalações, reformadas. E a administração, terceirizada.
Torçamos para que esse investimento de primeira linha se mantenha e continue fazendo ainda muitas famílias felizes e dignas de saúde e muitos sorrisos. Estamos vibrando muito por isso.