Mais sobre a cotovia

O famoso pássaro foi importante para Romeu e Julieta. Os dois amantes, depois da primeira noite juntos, discutem se o pássaro que ouvem lá fora é a cotovia ou o rouxinol, preferido este último, que canta durante a noite. Assim sendo, poderiam ficar mais tempo juntos, enquanto a cotovia anuncia o dia, e, com ele, a separação do casal. Só aí é que descobrem ser mesmo uma cotovia, anunciando que Romeu terá de partir para sempre...

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Quartas-feiras...

Ei, lembram-se de Garanhuns, cidade do nosso presidente Lula? Pois é, nesta quarta-feira (03) foi a vez de encontrarmos, no sétimo andar, pacientes de lá, aliás, dois que estavam no mesmo quarto, de cidades muito próximas de lá, que nos fizeram sonhar com os dias de sol em Recife, enquanto aguardavam para uma cirurgia no dia seguinte... Mas nem parecia que iam operar, pois o quarto estava tão animado (com suas duas acompanhantes) que mais parecia um happy hour entre amigos (com direito a bolachas água e sal e balinhas, claro, sem oferecer aos pacientes, né?). Valeu mais um dia! Mesmo com o frio da noite de quarta, o quarto nunca esteve tão quentinho na Brigadeiro... Só nóis mesmo!

Relembrando: 1º dia como Dra. Cotonete

A atuação foi muito divertida. Conseguimos fazer o 6º andar e o SPA (pronto socorro), algumas pessoas estavam dormindo, por já ser noite. Mas o mais divertido foi quando acabou a luz, a energia, tudo! Estávamos no segundo quarto, já havíamos passado pelo corredor quando, devido á forte chuva (tempestade mesmo!) a luz se apagou no hospital todo! Nunca tinha visto isso! Nem o gerador funcionava! Alguns andares ficaram com a luz de emergência ligada apenas nas escadas, mas a maioria não. Mas o divertido foi o que conseguimos tirar disso tudo: depois do medo, claro, e da imensa vontade de fugir sem ninguém me ver, lembrei-me do meu cotonete! Acendi e consegui brincar no quarto em que estávamos, dizendo que tido “ido ali levar luz aos pacientes”, ficamos brincando com as sombras de cada um, tentando adivinhar se era senhora ou senhor, a brincadeira fica mais aconchegante e foi mais reconfortante saber que algumas pessoas sorriram e também acharam graça daquela situação, de não poder nos ver, mas tentar adivinhar como estávamos vestidas. Ficou até mais fácil para desabafar! A D. Antônia (do SPA) falou muuuiittoo!! Gostou muito de nós e contou toda a sua história de vida (quer dizer, quase toda, senão não dava para uma noite) de 90 anos de existência, desde que veio de Serra Talhada, no Recife. Ouvimos por tanto tempo que tivemos de ir embora com a roupa de doutora mesmo, além do que não dava para se trocar na Sala da Assistência Social completamente apagada! Mas valeu a escuridão! Mais um dia mais que ganho...

Revival: ESTÁGIO NO HOSP. BRIGADEIRO

(1º dia – 25/10/08)

O primeiro dia de estágio é sempre misto de emoções, de expectativas, de medo, insegurança, ansiedade. Não sabemos direito o que encontraremos e , ao mesmo tempo, temos receio de nossas reações diante do sofrimento alheio: choro, mal-estar, fraqueza, pena. Realmente não imaginava o que eu iria sentir naquele local, mas me surpreendi comigo mesma. Não tive medo quando entrei, logo o primeiro paciente, na verdade a primeira pessoa com quem nos deparamos (eu e mais 12 quase doutores) foi a D. Cidinha, a enfermeira, que nos recebeu bem, apesar de meio ressabiada. Nos levou ao quarto do Sr. Miros Lau (acho que é isso), que em princípio não gostou muito da presença de 12 palhaços na sua frente e pareceu se assustar um pouco com nossas roupas e maquiagens. Ao ser indagado pela enfermeira quem era o palhaço mais bonito dali, ele imediatamente apontou para ela mesma, Cidinha, não por se palhaça, mas por achá-la mais bonita e atenciosa. Ele não podia falar conosco, mas notou-se que havia sido bem tratado até então, até pelo carinho e pela rápida escolha. Numa das visitas, acabei soltando um “Tudo bem?” (claro que não está), mas qual não foi minha surpresa quando ouvi um “Tudo bem, agora está bem”. Já esteve pior: a filha estava ao lado dele, o paciente, e também havia acabado de ter alta da UTI, há 3 dias. E já tinha esperanças que ele saísse logo. Valeu o dia. E a visita.

Lembram-se do estágio?

2º dia (01/11/08)

Hoje aprendemos até a fazer um bolo (chamado UM, veja receita abaixo) com a D. Terezinha e vimos como um pouco de sorriso pode fazer pessoas, como a D. Suzi, se sentirem melhor e recordarem seu passado. Hoje eu já estava mais segura e me senti mais à vontade para fazer brincadeiras com os pacientes. Já soube a hora de me retirar quando percebi que o paciente estava cansado e também a hora de ficar séria e ouvir. Como no caso de quando fomos conversar com as enfermeiras e muitas delas estavam cansadas. Uma delas virou para nós e disse: “estou aqui a 12 horas de pé”, mas brincou um pouco. A outra, não agüentou as brincadeiras, levantou da sala e disse: “não estou com paciência para isso hoje”. Soubemos entender e perceber que nem sempre as pessoas precisam de um palhaço para se sentirem melhores, mas sim de um ombro amigo e um ouvido que os possa ouvir. Mais um dia de aprendizado e conquistas. Mais uma dia ganho.

BOLO UM

1 ovo

1 ½ copo de leite

Pó Royal

Erva doce

Queijo ralado

1 copo de fubá

1 copo de farinha

Bater tudo no liquidificador por 30 min.

Colocar em uma fôrma alta (1,80)

(foi o que deu para anotar...kkk)

Desafio no terceiro dia

3º dia de estágio (08/11/08)

Hoje foi muito proveitoso. O grupo era menor (apenas 6 com os monitores) e pudemos nos dividir melhor nos quartos. Sentimos melhor os ambientes e pudemos avaliar com mais sensibilidade a hora de brincar, de ouvir, de falar sério ou apenas observar.

Tivemos um óbito no 5º andar, na hematologia, no quarto ao lado do que estávamos atendendo. Sorte que dois palhaços saíram na nossa frente e viram, pois íamos entrar nesse quarto. Vi as enfermeiras fechando a porta e dois familiares saíram chorando. O mal-estar se instalou não só no andar, mas no prédio inteiro, quando fomos aos outros andares todos os enfermeiros já sabiam. O clima ficou muito triste e tentamos reanimar algumas enfermeiras que estavam no 3º andar. Não há o que falar nessa hora e não deixei a tristeza me abater. Uma das enfermeiras quis distrair e fazer algumas perguntas sobre nossa vida pessoal, mas ao perceber que nos esquivávamos, disse: “vocês são bem treinados para não falar da vida pessoal, eu entendo, aqui são doutores palhaços.”

Ainda conseguimos até cantar em dois quartos, quando descobrimos que um paciente tocava violão e os visitantes haviam levado o instrumento para ele! Muito rápido e esperto, o monitor André perguntou se o paciente “Rei Jô” gostaria de tocar no quarto da frente e, qual não foi nossa surpresa quando ele aceitou, se levantou da maca e todos cantamos músicas do Legião Urbana, Creedence Clearwater Revival e até Mamonas Assassinas, para diversão dos que estavam no leito, nossa e do paciente que podia cantar e tocar para ele e para nós. Mais um dia ganho!