Mais sobre a cotovia

O famoso pássaro foi importante para Romeu e Julieta. Os dois amantes, depois da primeira noite juntos, discutem se o pássaro que ouvem lá fora é a cotovia ou o rouxinol, preferido este último, que canta durante a noite. Assim sendo, poderiam ficar mais tempo juntos, enquanto a cotovia anuncia o dia, e, com ele, a separação do casal. Só aí é que descobrem ser mesmo uma cotovia, anunciando que Romeu terá de partir para sempre...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Singela homenagem


Esse texto eu escrevo em homenagem a uma pessoa que conheço há pouco mais de ano, mas que já gosto e torço como se fosse parte da minha família, como se já conhecesse há décadas. Estávamos as três patetas, quero dizer, as três palhaças doutoras tentando fazer alguma boa alma rir de nossas piadas infames (às vezes é difícil fazer com que alguém ria, principalmente da piada da Dra. Massariema - ela só sabe uma! kkk).
Do final do corredor, ouvimos uma senhora nos chamar para que não fossemos embora antes de conversarmos com sua filha, que estava há algumas semanas sem poder andar, achava-se que graças a uma bactéria ainda não diagnosticada.
Não hesitamos. Entramos no quarto, todas serelepes, brincalhonas, cheias de garra e boa vontade para tentarmos conversar com a paciente. Tentamos. Tentamos. Tentamos. Sua mãe sentou-se ao nosso lado, puxamos assunto, chamamos seu nome, enchi bexiga, cantei, dancei, só não chorei porque ficaria constrangedor. Mas quase.
Pensei comigo: "essa vai ser muito difícil de conversar, quanto mais fazer rir."
Ela estava tristinha, amuada, preocupada com sua condição. Apenas 22 anos, formada em psicologia, não é de São Paulo, seus amigos todos a esperando lá. Sua mãe na torcida sem fim para que se descobrisse o real motivo daquela paralisia.
De repente, um novo insight. Pensei: "o negócio é dar uma de surda, começar a falar sem parar e sempre o nome dela errado". E comecei. Dra. Estrelinha ficou brava comigo porque estava falando o nome dela errado. E desandei a falar, falar, falar, falar. E falar. Falar sem pensar, no nome errado, em como é difícil estar ali sem se fazer ver nem ouvir, em como é difícil ser quase um fantasma. A gente nem consegue acertar o nome dela... etc... Acho que falei tanto que ela, por pena ou para se ver livre de nós logo... começou a rir.
Riu. E riu de novo. "Parou de chorar!", pensei. E a mãe dela nos agradeceu por termos conseguido o que ela ainda não havia alcançado, apesar de sempre esperar. Um fio de esperança. A novidade de estarmos ali pode ter gerado isso, o inesperado, o ridículo, o improvável. O melhor é que conseguimos um sorriso dessa que é uma vencedora, guerreira, linda, conquistadora de novos e agora mais mansos mares, nunca dantes navegados!
Parabéns, Ruana! Você merece tudo de melhor que Deus puder oferecer nessas nossas areias rebeldes... Torcemos muito por você! Espero que você goste desta singela homenagem. bjões! Te amamos muito.