quarta-feira, 10 de março de 2010
De cara para a vida
Logo agora que havia encontrado um dos pacientes mais especiais que pude ter a oportunidade de conhecer desde que comecei a atuar. Dessas pessoas que cativam de imediato, no primeiro olhar, nas primeiras palavras, na surpresa da inteligência, dos gestos, dos atos, da sabedoria. Apenas 12 anos, ou até menos, se não estava brincando comigo. Muito mais palhaço que eu. Acho que já nasceu com o nariz vermelho. Leandrinho, incrível, especial, perspicaz, sábio, uma rapidez nas palavras e nos comentários que me deixou sem palavras. Rodávamos como crianças pelos corredores do hospital, nos escondendo da enfermeira que não queria que fizéssemos barulho pelo adiantado da hora, ríamos baixinho. Mas aproveitávamos quando ela não estava olhando para rodarmos com a cadeira de rodas para cima e para baixo. Apenas duas crianças no andar. Ele conhece todos no hospital, abraça, brinca, liga para o celular das enfermeiras, conhece suas limitações e problemas como ninguém. Nunca está sozinho, também, pudera, com tanta alegria, vitalidade, esperteza, rapidez, força de viver... Fiquei apaixonada, encantada, espantada, atabalhoada com tanta vivacidade. Me deu um baile de maturidade, esperança, preparação. Sempre contando piadas, mostrando fotos suas e dos amigos, contando histórias de sua vida, dizendo que sou "mal informada" porque não conheço as limitações da hemofilia. Quem me dera ser tão reluzente, tão iluminada, tão escancarada. De cara para a vida, para a felicidade, para as mudanças boas que virão em sua vida. Te amo, Leandro. Ame a vida, sempre.
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